"Acreditando na magia que existe na educação! Buscando ser a mudança que quero ver no mundo"!
CONTATOS: sunamitamagalialbuquerque@hotmail.com /sunamitanativaoliveira@gmail.com

quinta-feira, 30 de abril de 2009

RESULTADO DA ENQUETE: VOCÊ CONHECE ALGUM HERÓI INDÍGENA?

O resultado surpreendeu, pelo menos a mim, mas de forma satisfatória! Das 14 pessoas que participaram desta enquete (o que já é uma vitória), a maioria respondeu que conhece pelo menos um herói indígena. Veja os resultados:

- Sim, conheço - 11 (78%)
- Já ouvi falar, mas não lembro - 0
- Não conheço - 02 (14%)
- Não há heróis indígenas - 1 - (7%)

O fato de não termos estipulado um período específico da história onde as pessoas pudessem reconhecer alguma feito heróico de um (ou alguns) indígena, ficamos a vontade para discutir e apresentar aqui alguns registros históricos, que comprovam que nossos índios tiveram um papel imprescindível nas diversas lutas travadas no Brasil, desde 1500 até os dias de hoje. Embora a história ainda seja contada sob a ótica dos colonizadores, vamos fazer nossa parte e destinar a quem honra, honra!
Super-homem, Homem-aranha, Batman, Hércules?? Que nada caraíbas!
Chama cunhatã que eu vou contar!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ARTES: RELEITURA - descobrindo talentos inatos




Durante nossa jornada "sacerdotal" como educadores somos surpreendidos quase que diariamente. Na sala em que ministro minhas aulas, não poderia ser diferente! Durante o trabalho de estudo e releitura de pintores que retrataram os índígenas brasileiros, tive a grata surpresa de descobrir um talento para o desenho, e quem sabe pintura. O aluno se chama Abraão, tem 10 anos e, apresentou sua leitura da pintura de Jean Baptiste Debret de forma muito interessante, considerando que foi feito com lápis comum e giz de cera.

Minha iniciativa de publicar aqui, não tem a intenção de discriminar os outros trabalhos, todavia, o educador precisa ter sensibilidade para reconhecer habilidades naturais. Todos temos talentos distintos. É também uma forma de incentivar este novo talento e orienta-lo a investir (quem sabe com a ajuda de alguém) nesta habilidade inata.

terça-feira, 28 de abril de 2009

EXPRESSÕES DA CULTURA IMATERIAL INDÍGENAS EM PERNAMBUCO


Por Edson Hely Silva



Os povos indígenas em Pernambuco, no Nordeste, que durante muito tempo foram oficialmente chamados de “remanescentes” e conhecidos pelo senso comum como “caboclos”, através de confrontos, acordos, alianças estratégicas, simulações e reelaborações culturais, desenvolveram diferentes estratégias de resistência frente às diversas formas de violências, às invasões de seus territórios, ao desrespeito de seus direitos, à negação de suas identidades e às imposições culturais colonial. Questionando assim tradicionais explicações históricas, que defendem o destino trágico com o desaparecimento ou extermínio desses povos nos primeiros anos da colonização portuguesa, com sua mobilização os indígenas no Nordeste superam uma visão sobre eles como vítimas da colonização e afirmam seus lugares como participantes e sujeitos que (re) escrevem a História da Região e do Brasil.
No início do século XX, esses povos que oficialmente eram considerados extintos, iniciaram uma mobilização pelo reconhecimento étnico oficial e garantia de terras para viverem diante das constantes perseguições dos latifundiários. No Nordeste foram reconhecidos os Xukuru-Kariri em Alagoas, e em Pernambuco os Fulni-ô (Águas Belas), os Pankararu (Tacaratu), os Xukuru (Pesqueira), com a instalação entre os anos de 1920 – 1950 de postos do Serviço de Proteção ao Índio/SPI, em seus tradicionais locais de moradias.
Com o “milagre brasileiro” na década de 1970 e o avanço dos projetos agro-industriais, as pressões sobre as terras indígenas aumentaram, tanto as dos grupos reconhecidos oficialmente como as dos grupos ainda não reconhecidos. Os povos indígenas em pressionaram a FUNAI para obterem a garantia de seus direitos históricos. A partir da década de 1980, e principalmente depois da participação indígena nas mobilizações para a elaboração da Constituição Federal aprovada em 1988, onde se garantiu pela primeira vez na História do Brasil que o Estado brasileiro reconhecesse os povos indígenas com seus costumes, tradições e o direito a demarcação de suas terras, ocorreu o ressurgimento de vários povos indígenas em Pernambuco e no Nordeste.
Como foi visto os atuais povos indígenas em Pernambuco e no Nordeste, são resultados de deslocamentos de grupos nativos que foram concentrados em missões religiosas, e que devem ser compreendidos no quadro amplo das relações do mundo da Colonização portuguesa. Os aldeamentos, todavia, não representaram o fim dos grupos indígenas, mas novas possibilidades de reelaborações de suas expressões culturais e da identidade étnica.
São povos que, portanto, vivenciaram um processo dinâmico de reelaborações das suas identidades étnicas, de suas expressões culturais, em contextos de lutas pela terra, pela conquista e garantia de seus direitos sociais, a exemplos de uma educação e saúde diferenciadas. Esse fenômeno de “emergência étnica” que vem acontecendo nas áreas mais antigas da colonização a exemplo do Nordeste, foi chamado pela atual reflexão antropológica de etnogênese. Ou seja, o processo de emergência histórica de um povo que se auto define em relação a uma herança sociocultural, a partir da reelaboração de símbolos e reinvenção de tradições culturais, muitas das quais apropriadas no processo da colonização e relidas pelo horizonte indígena.
Assim por exemplo, é que os Xukuru do Ororubá celebram anualmente a Festa de Tamain em Cimbres (Distrito de Pesqueira), marco inicial da colonização no Agreste Pernambucano, onde foi instalada em 1661 a missão de Nossa Senhora das Montanhas, na Serra do Ororubá, pelos padres Oratorianos. Para a Igreja Católica Romana a festa é para Nossa Senhora das Montanhas. Para os Xukuru é para a “Mãe Tamain”.
Nas festas dedicadas a Tamain os Xukuru participam ativamente: desde a Procissão da Bandeira, dançando o Toré, devidamente “fardados” com o Tacó (vestimenta de palha tradicional Xukuru), na frente do templo católico em Cimbres, ao transporte do andor. Só os Xukuru têm o direito de carregar o andor e tocar a imagem. Esse monopólio sempre foi motivo de questionamentos e conflitos com as autoridades religiosas oficiais. Apesar disso, depois da Procissão gritando “Viva Tamain, Pai Tupã e o Cacique Xicão”, os Xukuru entram carregando o andor no templo, onde as lideranças postam-se em pé, próximas ao altar central, enquanto outros indígenas ocupam o corredor principal e as laterais. Ao final da missa os não-índios retiram-se, em reconhecimento e respeito aos indígenas, cedendo espaço para os Xukuru que dançam o Toré ao redor dos bancos entoando repetidas vezes seus cantos rituais tradicionais.
A festa indígena em Cimbres expressa as apropriações e reinterpretações pelos Xukuru dos espaços e símbolos religiosos coloniais. E, constituíram em uma forma de afirmação cultural-étnica, de fortalecimento nas reivindicações dos direitos indígenas. Como expressaram os Xukuru: “Mãe Tamain é aquela que leva a gente pra luta. Com a força de Mãe Tamain, ninguém pára a gente não. Mesmo quando nós era mais perseguido, nossa Mãe sempre protegeu nosso ritual aqui na Vila”. Pois “Tamain nasceu em Cimbres, ela era uma cabocla” (NEVES, 1999, p. 77; 118).
Se, por um lado, a introdução de um culto mariano fez parte da pedagogia evangelizadora missionária inicial junto aos Xukuru, em que o estímulo às devoções à imagem de Nossa Senhora das Montanhas comunicava bem mais que a pregação com palavras ou textos escritos estranhos à cultura indígena, por outro lado, os índios apropriaram-se, reelaboraram e releram a cultura colonial, a partir de seus horizontes e interesses. Pode-se pensar em uma situação semelhante ao caso da colonização espanhola no México: “O êxito da imagem cristã entre os índios é indissociável, portanto, de uma conjuntura inicial que em muitos aspectos resulta excepcional, pois une uma receptividade imediata e uma habilidade precoce às notáveis capacidades de assimilação, interpretação e criação”. (GRUZINSKI, 1994, p.182).
Assim como acontece entre os Xukuru do Ororubá, em todos os atuais aldeamentos indígenas em Pernambuco e no Nordeste, ocorrem anualmente festas originalmente para santos católicos romanos. Mas, as imagens e ritos cristãos tornaram-se símbolos relidos para os Xukuru e os demais povos indígenas, que em torno delas reconstruíram nexos sociais e culturais, demonstrando que os indígenas nunca foram apenas consumidores passivos da evangelização. Quando os Xukuru, assim como outros grupos indígenas, apropriaram-se das imagens cristãs católicas romanas, ocorreram relações em um movimento dinâmico que superou a hegemonia cultural cristã. Movimento este bem mais complexo do que uma suposta cristianização dos indígenas. Ouvindo os depoimentos e observando as práticas Xukuru, é possível perceber as muitas e diferentes estratégias que foram elaboradas frente à colonização: simulações, embates, associações, inversões.
Um exemplo disso ocorreu na Festa de Nossa Senhora das Montanhas em 1998, quando, na frente da procissão religiosa em direção para o interior da igreja, os Xukuru levavam uma faixa, onde se lia: “Chicão com teus familiares e amigos deixaste como recordação um pouco do seu sorriso”, lembrando o Cacique assassinado por fazendeiros, considerado a mais expressiva liderança na articulação, organização e mobilização contemporânea Xukuru para a retomada de suas terras. Os Xukuru apropriaram-se dos símbolos religiosos coloniais, dando-lhes um significado para sua organização e mobilização expressado naquele momento de culto público na Vila de Cimbres, um espaço também apropriado por eles.



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Fonte:
(Publicado in: GUILLEN, Isabel C. M. (Org.). Tradições & traduções: a cultura imaterial em Pernambuco. Recife, EDUFPE, 2008, p.215-230)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

PRECONCEITO: ESTÁ SERVIDO/A?

O texto abaixo foi publicado em um desses milhares de sites que há na internet, todavia, dessa vez, não farei a propaganda. Trata-se da visão, preconceituosa, arrogante e discriminatória de um "cidadão" do sudeste para com nossos índios.
Esta republicação que faço tem o intuito de discutir a questão, obter a opinião dos leitores deste blog, alguns por sinal, educadores, para quem sabe, apontarmos quais são as saídas e caminho no combate a essa visão esteriotipada que muitos tem acerca dos nordestinos, pernambucanos e ÍNDIOS!

"A foto está na capa do Estadão de hoje (03/01/2007). A legenda indica que se trata de Marcos de Araújo, cacique xucuru, na solenidade da chegada do 'Programa Luz para Todos', que leva eletricidade a 5 milhões de pessoas.O excelente sítio Povos Indígenas do Brasil, cujos únicos defeitos são a falta de atualização e de mapas localizando os grupos indígenas, informa que os xucuru contavam em 1996-1999 com cerca de 8.000 indivíduos distribuídos entre Alagoas e Pernambuco. Feita por Beto Barata, da Agência Estado, a foto é muito boa. A bananeira pintada no quadro da parede forma um cocar que se encaixa direitinho na cabeça de Lula. O presente que o índio trouxe (ou ganhou?) está numa caixa azul-vivo que pode ter sido comprada em loja de shopping. Seu perfil quase aquilino e o cabelo bem cortado surgindo por debaixo do cocar, juntam-se ao seu nome pouco xucuru para sugerir uma encenação. Com um índio de araque interpelando o presidente que toca no seu cotovelo."

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LEIA! REFLITA! R E A J A!

sábado, 25 de abril de 2009

PARA REFLETIR NESTE FINAL DE SEMANA



Por Rosani Fernandes, professora Kaingang




Os povos indígenas não devem ser tratados como primitivos por primarem pela reprodução da cultura, das línguas e dos costumes milenares. Os chineses, japoneses e outros povos não ocidentais têm conciliado cultura e modernidade, mas quando se trata de povos indígenas os rótulos são logo estampados: quando se apropria dos recursos tecnológicos "deixou de ser índio", quando preserva a cultura "é atrasado", quando se trata de garantia de territórios "é muita terra para pouco índio". A cultura é dinâmica, portanto, se modifica, agrega novos elementos e deixa outros para trás. O que queremos é o respeito às nossas formas de organização social como sistemas complexos e completos, com organização política, econômica, jurídica e religiosa própria. Mas será que os professores estão preparados para trabalhar a partir dessa demanda? Ou vão continuar reproduzindo o preconceito, os estereótipos a incompreensão e a intolerância nas escolas e na sociedade?

GILBERTO FREYRE PARA OS PEQUENOS




Casa-Grande & Senzala - a contribuição dos nossos indígenas


Quem disse que criança não entende a linguagem de Gilberto Freyre? Tudo depende da forma como é apresentado o texto e abordado o assunto.

Desde que iniciamos nossos estudos acerca da Cultura Indígena, vimos em Freyre uma grande possibilidade de debate, aprendizado e conhecimento. A visão de Freyre no célebre "Casa-Grande e Senzala" não pode ficar ausente da discursão acerca da formação do povo brasileiro.

Mas, a idéia de apresentar um volume tão extenso para crianças (neste caso, minha turma da 4ª série) parecia inconcebível. Além da linguagem rebuscada demais para a faixa etária, tem o "ponto de vista" picante do Freyre! O que fazer, para não priva-los desta riqueza informativa?- Apresentar o formato do livro em Quadrinhos, organizado por Estevão Pinto, a quem dedico meus aplausos!

O livro despertou o interesse da turminha e enriqueceu as discussões!

Estamos apenas no início desta fascinante viagem, que vai dar muito "pano pra manga".

Até!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ÍNDIOS (QUE SOBRARAM) DO BRASIL





Cerca de 0,2% da nossa população são índios. Quem já teve a posse de todo o território nacional agora ocupa 12% do mapa. De um total de 350 mil indígenas remanescentes, aproximadamente 50 mil deixaram as reservas para viver nas cidades ou no campo. Mesmo quem ficou na mata, na maior parte das vezes, passou a ganhar a vida como se fosse um caboclo ou ribeirinho. Para recuperar sua língua, sua cultura e seu passado, os índios dependem da demarcação de suas terras e do acesso à educação diferenciada.Difícil dizer quantos eram os índios antes do Descobrimento. Calcula-se que havia entre 2 e 6 milhões de indivíduos. Mas um palpite otimista não resolve muita coisa. Ao contrário: quanto maior a estimativa, mais desoladora parece a realidade dos primeiros habitantes do Brasil. Atualmente, eles não passam de 350 mil, o equivalente a três Maracanãs lotados. Você sabe o que isso quer dizer? É possível que, ao longo de nossa história, a população indígena tenha sido dizimada ao ritmo de um milhão por século!A tragédia indígena não se mede só pelo número de mortos. Tal massacre esconde uma perda ainda mais dramática, porque irreparável. Etnias inteiras foram riscadas do mapa, levando consigo sua cultura e a contribuição que poderiam ter legado à identidade do país. Hoje, o número de agrupamentos indígenas se resume a um quinto do que havia antes de Cabral chegar. Das 216 tribos restantes, apenas 16 rejeitam o contato com não-índios e mantém intactos seus costumes.

Diversidade pouco conhecida

Se certas aldeias são até hoje totalmente desconhecidas dos indigenistas, este não é o desconhecimento mais grave do "homem branco". Muita gente ignora a importância da imensa riqueza cultural dos índios e faz de conta que eles não existem. Quer uma prova? Duvido que você acerte esta pergunta: quantas línguas são faladas no Brasil? Se respondeu "uma, o português" e achou que está abafando, passou foi longe. Há cerca de 170 línguas e dialetos nativos em uso no país.
Você acha que é preciso ir à Amazônia ou ao Parque Indígena do Xingu para saber o que se passa nas tribos? Pois saiba que pode haver aldeias embaixo do seu nariz. Os únicos estados onde não há povos indígenas são Piauí, Rio Grande do Norte e o Distrito Federal. Com um pouco de atenção, você se dá conta de que a influência indígena está em toda parte, até neste texto! É só voltar ao primeiro parágrafo: Maracanã vem do tupi-guarani e é o nome dado a uma espécie de papagaio.

Leis que demoram a sair do papel

Justamente porque a importância cultural dos índios é pouco conhecida, eles continuam tendo seus direitos desrespeitados. Em 1973, o Supremo Tribunal Federal elaborou o Estatuto do Índio, determinando a demarcação de todas as terras indígenas num prazo de cinco anos. No entanto, passados quase 30 anos, só 252 das 568 reservas indígenas foram homologadas.
Um marco na regularização de terras indígenas é o Parque Indígena do Xingu, no norte do Mato Grosso. Foi criado em 1961 pelo então presidente Jânio Quadros, sob orientação dos sertanistas Cláudio e Orlando Villas Bôas. As rixas de tribos rivais são coisa do passado. Hoje o parque abriga um caldeirão étnico onde quatro mil índios de 14 etnias aprenderam a conviver em paz.
Terras exploradas
Nesse caso, porém, a demarcação não foi suficiente para proteger as terras da exploração de garimpeiros, madeireiros ou agropecuaristas. Nos últimos 30 anos, um quinto da cobertura vegetal foi removido por eles. Ao sul da reserva, a mata virgem cede espaço a plantações de soja e arroz. Mais de 200 serrarias cortam cerca de 2,6 milhões de metros cúbicos de madeira por ano, a oeste da reserva - mais de 90% extraídos de forma predatória. Quase duas mil fazendas no lado leste já derrubaram um milhão de hectares para a criação de gado.
Índio quer educação, senão cultura vai morrer
Mas não basta preservar a terra, é preciso proteger sua cultura. Um parágrafo da Constituição de 1988 assegurou aos índios uma educação diferenciada, bilíngüe e multicultural. Passou a ser obrigatório que as crianças aprendessem o bê-á-bá de sua língua materna. Mas somente em 2001 saíram os primeiros resultados que indicam em que pé anda a educação dos curumins. O primeiro censo sobre educação indígena, do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), aponta que existem 93.037 alunos matriculados.Dois terços desses alunos (66%) estão matriculados em 1.392 escolas indígenas, onde trabalham 3.998 professores. Três entre quatro mestres (76,5%) são de origem indígena. Nesse balanço, o que mais entristece é saber que quase metade dos professores (48%) sequer completou o Ensino Médio, formação mínima exigida para dar aulas.Mas uma notícia deixa no ar a expectativa de que tais determinações passem a ser cumpridas com mais vigor. A índia da etnia Pareci Francisca Novantino Pinto de Ângelo tomou posse, em 18 de março de 2002, no Conselho Nacional de Educação (CNE). Como primeira representante indígena na Câmara de Educação Básica, ela terá um mandato de quatro anos para elaborar normas e regulamentações que visem a garantir o acesso de índios ao sistema educacional brasileiro.Proteção ao índio
Como se vê, os índios precisam de mais do que arcos e flechas para defender seus direitos. Dos cinco séculos de contato com o colonizador, a história da proteção dos indígenas se resume a menos de 100 anos. Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), chefiado pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon - descendente de índios que trabalhou para melhorar as condições de vida dos povos indígenas. Ele deu início ao período de pacificação dos índios e de reconhecimento de seu direito à posse da terra e de viver de acordo com seus costumes.No ano de 1967, o SPI foi extinto por causa de denúncias de irregularidades administrativas. Naquele mesmo ano, foi criada a Fundação Nacional do Índio (Funai) para estabelecer uma política de pacificação entre tribos rivais e o bom relacionamento das populações indígenas com a sociedade. Mas, com um orçamento anual de R$ 4,5 milhões, não é de se espantar que o Parque do Xingu mais pareça uma ilha ameaçada por todos os lados. A quantia é insuficiente para vigiar os 580 territórios indígenas existentes no país.

Números promissores

Mas parece haver uma luz no fim do túnel. Segundo o Instituto Socioambiental de São Paulo, a população indígena cresceu 17% entre 1995 e 2000, taxa mais alta que a dos demais brasileiros. Outra novidade é que o número de tribos também tem aumentado. Há 216 diferentes tribos no Brasil, dez a mais do que o apurado na última pesquisa, de 1995. O futuro dos povos indígenas no país é incerto. Se está afastada a hipótese do desaparecimento dos índios no Brasil, é imprescindível uma clara política compensatória por parte do Estado para que eles cresçam com dignidade.

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 11.645/08 NO MUNICÍPIO

Da direita para a esquerda: Profª Sunamita, Cacique Marcos Xukuru e a secretária de educação Rosa Melo


Que é Lei, alguns já sabem, mas, de fato, o ensino sobre a Cultura Indígena nas escolas municipais ainda é uma raridade!

Para corrigir esta dívida que temos com nossa própria história, as professoras Ana Marta, Madalena e Sunamita Oliveira, entregarão a Secretária de Educação do município Rosa Melo, nesta segunda-feira, um projeto que apresenta as devidas justificativas, bem como, todos os objetivos a serem alcançados com a implementação da Lei 11.465/08 no ensino Fundamental I e II das Escolas Municipais de Gravatá.

A secretária de educação participou ativamente de uma aula-passeio no último dia 18.04, promovida pelas professoras Ana Marta, Madalena e Sunamita Oliveira, da Escola John Kennedy, inclusive, ouvindo todas as explicações do Cacique Marcos Xukuru, a respeito do ensino da cultura de seu povo nas escolas. Hoje, a maioria dos livros didáticos apresenta o índio no passado, e cria uma visão esteriotipada nas crianças e, consequentemente, gera preconceito e discriminação.

Diante das explicações do Cacique, a secretária demonstrou interesse em conhecer um pouco mais sobre a Cultura Xukuru, e afirmou que irá participar da Assembléia dos Povos Indígenas, que acontece nos dias 18, 19 e 20 na Serra do Ororubá, na cidade de Pesqueira, quando aproximadamente 10 mil índios se reunem para discutir questões ligadas as diversas lutas que travam, com a participação de diversas autoridades, lideranças de outras etnias, professores de universidades e sociedade civil, de forma geral.Na ocasião, os Xukuru realizam cerimônia na Serra do Ororubá, onde o Cacique Xicão está "plantado"*, e descem em caminhada até o centro de Pesqueira.



Vamos aguardar!!





* Termo usado pelos índios Xukuru substituindo "enterrado". D. Zenilda esposa de Xicão, mãe do atual cacique, expressou o significado diante do corpo de Xicão em 1998, : "Ele foi plantado para que dele nasçam novos guerreiros!"

quinta-feira, 23 de abril de 2009

PETIÇÃO ONLINE: MANIFESTAÇÃO SOBRE O DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS!


Favor assinar a PETIÇÃO ONLINE e encaminhar para todas as suas listas
please sign the PETITION ONLINE and address to your lists
(SEE ENGLISH VERSION BELOW)

À comunidade brasileira e internacional,

Os povos indígenas do Brasil vêm sofrendo uma campanha de difamação internacional em diversos sites da internet por parte de entidades religiosas que atuam no país, que os acusam de praticar com regularidade atos cruéis contra suas crianças. Reclamações freqüentes das comunidades chegam até funcionários da Fundação Nacional do Índio sobre o desvio de crianças indígenas das aldeias e hospitais, ao nascer ou quando são levadas para receber tratamento médico, para serem supostamente salvas e abrigadas em lares adotivos ou em instituições administradas por essas entidades, que passam, então, a solicitar doações para seu sustento através do site http://apadrinhamento.atini.org/. Como contrapartida da soma recebida, a entidade oferece uma carta com fotografia e o histórico do “afilhado”, transgredindo desta forma as garantias de inviolabilidade moral e preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças proporcionadas às crianças brasileiras pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A freqüência das queixas de familiares de crianças indígenas retiradas do convívio dos pais e a presença em escolas do Distrito Federal de crianças indígenas de diversas origens que não falam português sugerem que são numerosas em todo o Brasil as adoções não devidamente justificadas ou legalizadas de crianças indígenas. Como parte dessa campanha difamatória, veicularam na página do YouTube http://www.youtube.com/+watch?v=st48Tdd9Sz4 o filme Children buried alive in the Amazon – HAKANI, que mostra o suposto enterramento de uma criança viva sem tornar explícito nesse site que se trata de atores indígenas remunerados para a encenação. A página web já foi acessada por centenas de milhares de espectadores e é duramente criticada por organizações de defesa dos Direitos Humanos, como Survival International, na sua página http://www.survival-international.org/informa%C3%A7%C3%A3o/hakani. Tudo isso parece responder a um objetivo: passar uma lei no Congresso brasileiro que, invocando o propósito de “salvar as crianças”, facilitará a intrusão no meio e no modo de vida indígena e a intervenção na intimidade do cotidiano das aldeias. A Lei, se aprovada, permitirá a vigilância direta e o acesso indiscriminado de pessoas estranhas em localidades até hoje bem preservadas do contato com os não índios, e abrirá caminho para a ação de destruição dos mais diversos aspectos da vida própria destes povos, incluindo seu reconhecido serviço de proteger o meio ambiente para o benefício de toda a Humanidade.
Por isso pedimos a todos aqueles que prezam o valor de um mundo plural, capaz de abrigar e proteger as mais diversas modalidades de existência, que adiram à petição protocolada na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do Brasil por uma comitiva de lideranças indígenas no dia 17 de abril. O documento entregue aos parlamentares pode ser lido na página da PETITION ONLINE: http://www.petitiononline.com/mod_perl/petition-sign.cgi?14GATOS
RITA LAURA SEGATO (Depto. de Antropologia, Universidade de Brasília e AGENDE – Ações em GÊnero)
CLAUDIA FRANCO (Instituto Etno-Ambiental e Multicultural Aldeia Verde/ IEMAV)
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Enviado po Edson Silva
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Nota do editor:
Já postei neste blog minha opinião acerca das instituições religiosas que afirmam "salvar" os índios, quando de fato têm outras intenções (ver "Os indios e as missões salvacionistas"). Isso precisa acabar! Os índios precisam ter sua cultura respeitada, por todos, inclusive pelos "santos"!
Estamos no século XXI, mas ainda é latente a postura de colonizadores de alguns povos!
Repito: VENDAM TUDO O QUE TEM. SALVEM A ÁFRICA!!!

terça-feira, 21 de abril de 2009

O QUE TORNA UM ÍNDIO, ÍNDIO?



Desde que iniciamos este trabalho de pesquisa e apresentação da Cultura Indígena, surgiram diversos questionamentos por parte de colegas. Acredito que uma grande dúvida de alguns professores e sociedade em geral, se dá na identificação da etnia indígena, em particular. A imagem que nos vem a mente quando pronunciamos a palavra índio, é sempre algo que remete às imagens acima: Figuras exóticas, nuas, pintadas, com cocares, cabelo lisinho e, que moram em ocas! Para muitas pessoas é difícil conceber um índio diferente destes padrões, idealizados pelo positivismo de Rondon, Orlando e Darcy.



A falta de conhecimento sobre essa questão é responsável por uma visão esteriotipada, discriminatória e preconceituosa.



Para elucidar o assunto, com a palavra Prof. Edson Hely Silva* (UFPE):



Além do biotipo, a questão da "descendência" indígena não são, há muito tempo, critérios antropológicos válidos e aceitáveis para definição de quem é índio. O Brasil é signatário da Convenção 189 da OIT, e lá diz que os Estados nacionais devem reconhecer os grupos étnicos que se afirmam como tais. E ponto final!
Quando ocorrem dúvidas por questões de conflitos de terras, a Justiça solicita uma perícia antropológica de um/a especialista, que faz uma pesquisa documental sobre as terras em questão (em geral um ex-aldeamento que foi sendo invavido e as terras tomadas dos índios), e a partir das memórias e narrativas orais sobre a organização política e a expressões culturais próprias do grupo (Toré, rituais, etc., etc.). Os chamados tecnicamente "sinais diacríticos", ou seja, sinais de distintividade daquele grupo em relação a população vizinha.
Afora isso, é preciso dizer, bem resumidamente, que: a identidade étnica hoje não é pensada em oposições do tipo "pura" X misturada, ou, menos índios X mais índios, ou também "perda" X "preservação cultural".A identidade é vista pela atual reflexão antropológica como relacional, processual. Melhor dizendo, ela resulta de contextos e situações, ou seja: ela é foi/e construida historicamente.


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*Doutor em História Social pela UNICAMP. Mestre em História pela UFPE. Pesquisador do Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos-LEME/UFCG; do Núcleo de Estudos e Debates sobre a América Latina-NEDAL/UFPE; e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade-NEPE/UFPE. Leciona História no Col. de Aplicação/CENTRO DE EDUCAÇÃO-UFPE.
E-mail: edson.edsilva@gmail.com

ÀS TAMBÉM GUERREIRAS!



"Não quero dizer, porém, que, porque esperançoso, atribuo à minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim, convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. Minha esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja. Precisamos da esperança crítica, como o peixe necessita da água despoluída".
Paulo Freire

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A (DES)ORDEM DAS FOTOS NÃO DIMINUI O DELEITE!















Postamos as fotos sem uma sequência exata, contudo, o que transmitimos aqui são as sensações, emoções, aprendizados. Nesse caso, a ordem do fator ...


Há duas observações que devem ser feitas: 1. o Cacique Marcos estava com o pé machucado, devido a um acidente de moto que sofreu, mas felizmente, não foi nada mais grave. 2. para quem acompanha este blog, sabe que a Aldeia Santana faz parte de uma área que era ocupada por fazenda, e que foi retomada há pouco tempo, dado o modelo de casas e suas localizações nas fotos. Os Xukuru estão adaptando a estrutura ao seu modo de vida, conforme nos informou o Cacique Marcos.

A MAGIA DA SERRA DO ORORUBÁ




A natureza é exuberante! O verde está presente em todo o trajeto que fizemos na Área Indígena dos Xukuru. Mas, além do verde, há uma energia diferente, que toca a alma da gente. O som e os cheiros da mata revelam uma existência que não se explica fora do romantismo, do mitológico, do encanto, da magia! Uma nova amiga disse: "No princípio Deus fez o céu e a terra, depois fez o índio!"

SABER COM SABOR DE AVENTURA!!




Caminhamos por aproximadamente 15 minutos, por uma estrada cercada por mata, num sol de não menos 38°, até a casa de D. Maria Xukuru ( a que está com boné, próxima ao jumentinho)para comprar algumas peças do artesanato. Valeu muito apena!

NOSSA EQUIPE


Da direita pra esquerda: Profª. Madalena, Profª. Ana Marta, Profª. Rejane Magaly(nossa fotógrafa), Cacique Marcos Xukuru e a Secretária de Educação Profª. Rosa da Silva Melo (eu estava tirando a foto!)



Um sonho que se sonha só, é apenas um sonho. Mas, um sonho que se sonha junto, torna-se realidade. MENINAS, CONSEGUIMOS!

UMA LIDERANÇA XUKURU: SABEDORIA


Seu Dedé, como é conhecido por todos na Aldeia Santana, é um tipo nordestino semelhante a outros que encontramos por essas terras de meu Deus, não fosse um grande detalhe: além de ser da etnia Xukuru do Ororubá, com uma história de vida marcante, e é uma destas pessoas que sabe cativar. Sua história, bem como a de seu povo, se juntou a outros relatos que foram coletados pelo Prof. Dr. Edson Hely Silva (UFPE) em sua Tese de Doutorado. Com uma voz mansa, mas firme, Seu Dedé cantou pra gente um dos cantos do Ororubá. Uma experiência ímpar! Uma honra para nós!

GRATIDÃO É UMA VIRTUDE!

Da direita pra esquerda: Denise (de costas),Dulce, Ana Patrícia, Profª. Rosa Melo e Ana Maria


Ser grato é realmente algo que tem sido esquecido nos últimos dias. Não é nosso caso. Temos muito que agradecer a Prefeitura Municipal de Gravatá, através da Secretaria Municipal de Educação, na pessoa de D. Rosa da Silva Melo, Sra. Patrícia, Sra. Ana Maria, por terem viabilizado esta atividade e por terem compreendido a dimensão deste trabalho. Em meu nome e da equipe John Kennedy: MUITO OBRIGADA!!

Que este seja apenas um dos muitos avanços na educação de Gravatá! Vamos implantar o ensino da Cultura e Educação Indígena em nossas escolas, como já dita a Lei 11.465! Temos muito que aprender com eles, sobre eles!

UM PRESENTE PARA ESTARMOS PRESENTES!




Saimos da Aldeia repletos de presentes. Não materiais (embora não tenhamos resistido ao belo artesanato feito pelos índios, em particular, por D. Maria), mas, de conhecimento, sabedoria!


Como de costume, além de levar nossa solidariedade e apoio a causa, presenteamos o Cacique Marcos com um quadro - pintura a óleo, feito especialmente para a ocasião, por um grande artista plástico gravataense - Adameck. O Cacique aprovou!

ETERNAMENTE XUKURU!



Eu e o Cacique Marcos Xukuru

Para quem me conhece, sabe que essa experiência me trouxe uma realização pessoal. Desde a faculdade fui chamada de Etnocêntrica Aborígene. Sou uma quase uma xenófoba, e não me importo com os julgamentos e rótulos! Embora ainda conserve a imagem romântica disseminada por Rosseau acerca dos indígenas, considero-os como representantes fidedignos da natureza, filhos legítimos de Tamain (Terra).


É muito simples: onde tem índio, tem mata, tem biodiversidade, tem ar puro, tem equilíbrio, tem respeito, tem coletividade...


Se alguém for capaz de me apontar uma outra sociedade que se mantenha com estes ideais, tendo resistido aos Shoppings Centers, Coca-Cola, MacDonalds e Rede Globo: PELO AMOR DE DEUS, ME APRESENTEM!!!
No retorno das aulas, postarei as observações e impressões das crianças!

PARA SEMPRE, XUKURU!



SENDO RECEPCIONADOS PELO CACIQUE MARCOS XUKURU

Nota: O Cacique não vestia indumentária, que é característica de seu povo em festividades, reuniões, assembléias ou durante reinvindições, por dois motivos: 1. mês de páscoa e recente comemoração da semana santa (os Xukuru vivem o sincretismo religioso); 2. os Xukuru não tem o que comemorar. Atualmente, enfrentam uma decisão arbitrária da justiça que condenou 26 lideranças, inclusive o Cacique Marcos. Eles aguardam o desfecho do processo.isso no entanto,não os torna menos índios. A receptividade que nos deram demonstrou isso!!


Fotos: Na parte superior, eu, Cacique Marcos Xukuru e a Secretária de Educação Profª. Rosa Melo; na sala de reuniões da Aldeia, os alunos ouviram atentos o Cacique Marcos falar sobre a Cultura e luta de seu povo.Assistimos a Produção Cabra Quente, que relata a Saga dos Xukuru - Retomadas, Perseguições, Assassinatos e Afirmação Etnica.

PARA SEMPRE, XUKURU!

Nossa visita a Área Indígena dos Xukuru do Ororubá, em Pesqueira, nos proporcionou uma troca de experiência inigualável. Aprendemos lições para toda vida!

NOSSA CHEGADA A ÁREA INDÍGENA XUKURU



























De cima para baixo: A turma da 4ª série formando fila, mais ao fundo, a professora Sunamita e a Secretária de Educação do município, Profª. Rosa da Silva Melo;as professoras Ana Marta, Madalena e Sunamita;os alunos em fila;descendo até a Aldeia Santana;Profª. Sunamita com os alunos da 4ª série;A Escola Indígena Xukuru.

domingo, 19 de abril de 2009

SAIU NO JORNAL DO COMMÉRCIO



HISTÓRIA DE MORTE E VIDA

Índios
Cinco milhões de índios estavam no Brasil antes do descobrimento

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 - Pedagogia & Comunicação
Enviado por EDSON HELY SILVA

Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram um território povoado. Seus habitantes, porém, desconheciam a escrita e não deixaram documentos sobre o próprio passado. O conhecimento que temos sobre os índios brasileiros do século 16 baseia-se principalmente em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram, na época. Particularmente, os livros do alemão Hans Staden e do francês Jean de Lery, que conviveram com os índios por volta de 1550.Os dois apresentam detalhadamente o modo de vida indígena, relacionando aspectos que vão dos mais triviais, como as vestes e adornos, aos mais complexos, como as crenças religiosas. Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses, os estudos históricos contam com a contribuição da antropologia e da arqueologia, que permitiram traçar um panorama abrangente, apesar da existência de lacunas.O povoamento da América do Sul teve início por volta de 20.000 a.C., segundo a maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos no Brasil datados de 16.000 a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C., encontrados nas escavações arqueológicas de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). A dispersão da espécie por todo o território nacional aconteceu em cerca de 9000 a.C., quando o número de homens aumentou muito.Tupis e guaranisAo longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação lingüística e social que deu origem aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 9, originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 500 anos da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo com o homem branco.Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os índios brasileiros fossem entre um e cinco milhões. Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do Ceará a Cananéia (SP). Os guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do interior, na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões, encontravam-se outras tribos, genericamente chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam outra língua.Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante semelhantes entre si, nos aspectos lingüísticos e culturais. Os grupos se formavam e se mantinham unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos.Modo de vida dos índios. Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta última, porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regime semi-sedentário.Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da área, um conselho de chefes determinava o local onde eram erguidas. As aldeias eram formadas por ocas (cabanas), habitações coletivas que apresentavam formas e dimensões variadas. Em geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram de madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura.As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam também o litoral ao interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru, que unia a região da atual Assunção, no Paraguai, com o planalto de Piratininga, onde se situa a cidade de São Paulo. Descobrimentos arqueológicos confirmam contatos entre os tupis-guaranis e os incas do Peru: objetos de cobre dos Andes foram desenterrados em escavações, no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo.Alimentação: mandioca, peixe e mariscosA alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos.Na taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de esforço intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. Além destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, além do trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, modelavam, teciam, faziam bebidas e cozinhavam.Os casamentos serviam para estabelecer alianças entre aldeias e reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe, o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos índios possuíam papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-sagrados, relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento, ao luto e à antropofagia.Antropofagia (canibalismo) e vida após a morteBasicamente, os tupi-guaranis acreditavam em duas entidades supremas - Monan e Maíra - identificados com a origem do universo. Ao lado das divindades criadoras, figurava também uma entidade - Tupã - associada à destruição do mundo, que os índios consideravam inevitável no futuro, além de ter ocorrido em passado remoto. Acreditavam também na vida após a morte, quando o espírito do morto iniciava uma viagem para o Guajupiá, um paraíso onde se encontraria com seus ancestrais e viveria eternamente. A prática da antropofagia talvez estivesse especialmente ligada a essa viagem sobrenatural, sendo uma espécie de ritual preparatório para ela, segundo alguns estudiosos.Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos dos antepassados e vingar os membros da aldeia mortos em combate. Após as batalhas contra tribos inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico, mobilizando todos os membros da aldeia numa sucessão de danças e encenações que terminavam com a matança de prisioneiros e o devoramento de seus corpos.Na organização política de uma aldeia, destacava-se a figura do chefe, o morubixaba, mas este só exercia efetivamente o poder em tempos de guerra. Ainda assim não podia impor a sua vontade, devendo convencer um conselho da aldeia, por meio de discursos. A guerra era uma atividade epidêmica. Acontecia por razões materiais, como conquistar terras privilegiadas; morais e sentimentais, como a vingança da morte de parentes ou amigos por grupos adversários; ou ainda religiosas, vinculadas à antropofagia.Povos guerreirosO caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmentem a versão da história segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus, sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número, podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das sociedades tribais.Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas de produtos entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de colonização, os brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos nativos. Mesmo em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os indígenas, para garantir a alimentação e segurança.Posteriormente, quando o processo de colonização promoveu a substituição do extrativismo pela agricultura como principal atividade econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um obstáculo à posse da terra e uma fonte de mão-de-obra barata. A necessidade de terras e de trabalhadores para a lavoura levaram os portugueses a promover a expulsão dos índios de seu território, assim como a sua escravização. Assim, a nova sociedade que se erguia no Brasil impunha ao índio uma posição subordinada e dependente.Confederação dos tamoiosContra essa ordem, a reação indígena assumiu muitas vezes caráter violento, como a guerra dos Tamoios, que se estendeu por três anos, a partir de 1560. Incentivados por invasores franceses estabelecidos na Baía da Guanabara, vários grupos desses índios uniram-se numa confederação para enfrentar os portugueses, ao longo do litoral entre os atuais estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A atuação dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta resultou num acordo de paz, realizado em Iperoígue, uma aldeia situada onde hoje se localizam os municípios paulistas de São Sebastião e Ubatuba.Outra possibilidade de reação indígena ao avanço português era a submissão, assumida sob a condição de "aliados" ou escravos. Essa forma de convivência "pacífica" foi obtida particularmente graças ao trabalho dos padres missionários que, promovendo a cristianização dos índios, combatiam sua cultura e tradições religiosas, além de redistribuí-los territorialmente, em geral de acordo com os interesses dos colonizadores.Índios sobreviventes. Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se a regiões mais pobres ou inóspitas.Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o isolamento foi o que permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança biológica, social e cultural. Dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, existem atualmente cerca de 460 mil, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.

PARA REFLETIR:

Carta de Agnaldo Xukuru da Prisão
(Presídio Juiz Plácido de Souza, Caruaru/PE).
Caruaru, 06/01/08

Povo Xukuru do Ororubá, guerreiros e guerreiras Xukuru, que a força encantada do reino do Ororubá, esteja com todos e todas neste momento. Escrevo-lhes da prisão, onde com muita dignidade, tento resistir, como fez meu povo, durante estes 507 anos. Estou sofrendo muito, não apenas pelo fato de estar preso, mas por conta de que me tiraram do meio do meu povo, dos costumes e tradições do povo Xukuru. Não permitiram que este ano, eu pudesse estar recebendo com vocês, as forças encantadas do reino do Ororubá.
No entanto não me tiraram algumas coisas que considero essencial: a minha dignidade, o meu amor pelo meu povo, o meu compromisso com a construção do projeto de futuro do meu povo, que significa a construção de um mundo melhor, sem opressores e oprimidos.
Aqueles que nos perseguiram no passado, através dos nossos antepassados, ainda hoje nos perseguem representado pelas elites de Pesqueira, pelos que detém
o poder e com ele, conseguem manipular alguns descomprometidos com a luta do nosso povo e que só pensam em tirar proveito próprio.
São muitas e articuladas as forças contrarias ás nossas lutas, ao nosso povo. Estão cada vez mais tentando atrapalhar o trabalho que nossas lideranças vêm buscando desenvolver. No entanto, esses, que se unem para destruir o povo xukuru, encontram pela frente muitos obstáculos e eis alguns deles:
1° - nossas lideranças não se vendem, apesar de ter em dificuldades financeiras;
2° - somos um povo numeroso e unido, consciente dos direitos e não nos deixamos manipular;
3° - nosso povo conta com uma estrutura de organiza ção sólida, como o CISXO, COPIXO, Conselho de Lideranças, Associação;
4° - temos um cacique dinâmico que trabalha e nos deixa trabalhar e um pajé, que nos ajudou a enxergar e valorizar a força encantada do reino do Ororubá;
5° - temos uma mediunidade preparada para juntos qu ebrar-mos toda força contrárias a nossas lutas.
Gostaria de aqui da prisão, pedir a união de toda força encantada. Agradecer os apoios, as demonstrações de confiança em mim e no companheiro Rinaldo.
Quero ainda afirmar que sou inocente e que acredito na justiça divina. Estou cheio de esperanças que em breve estarei de volta para continuar a luta por dias melhores junto ao meu povo. No entanto, sei que estou pagando um preço alto por estar a frente, junto as demais lideranças, das lutas e conquistas que temos.
Portanto, esse preço pago com muita dignidade e peço apenas, nesse momento, tão difícil que as forças continuem unidas, acreditando na nossa inocência.
Mas gostaria de dizer ainda, prá finalizar:índios) estão morrendo em nosso território nos últimos anos e a maioria delas, através de emboscadas todas no território xukuru e isso precisa ter fim. Chico Quelé foi a primeira vitima, depois de Xikão. Quem está por trás dessas mortes, destes crimes hediondos, precisa pagar por eles, pois se não inocentes acabam pagando sem dever. Nossa grande luta é pela vida, como nos orienta nosso pai Tupã, da qual seremos sempre os grandes promotores e promotoras.
Chega de impunidade! Chegam de perseguição as lideranças e ao povo Xukuru! Aqueles que nos tentam destruir tem que aprender que aprendemos com o
nosso grande professor Xikão: “em cima de medo coragem!”. Com o Cacique Marcos: “diga ao povo que avance!” Com o nosso Pajé que “as nossas forças estão na Pedra do reino do Ororubá!”.
Agradeço especialmente aos nossos parceiros, pela articulação, pelo credito no nosso trabalho. Nosso povo é forte e junto comigo continuará resistindo e como disse um grande líder indígena: “somos milhões e mesmo que todo o universo seja destruído, nós viveremos”.
Salve as forças encantadas do reino do Ororubá! Salve as matas, as pedras e água! Salve a união e a força de todo o povo Xukuru!
Um beijo no coração de todo o meu povo e um feliz ano novo cheio de paz e
harmonia para todos e todas.

Do amigo aprisionado.

Agnaldo Xukuru.
_________________________________
FONTE:
Anexo da Tese de Doutorado do Professor Edson Hely Silva - UNICAMP/UFPE

sábado, 18 de abril de 2009

UM DIA PARA REFLETIR E APRENDER SOBRE SER ÍNDIO!


Com certeza ficará na memória de todos os alunos da Escola John Kennedy, bem como dos professores, diretores, coordenadores e da própria secretária de educação que nos acompanhou na aula-passeio, as lições aprendidas com os Guerreiros Xukuru do Ororubá, em particular, pelo Cacique Marcos Xukuru (foto) que nos recebeu junto com outras lideranças (como o Seu Dedé, uma figura inesquecível), e expôs de forma terna e serena a História de luta de seu povo. D. Zenilda (mãe do Cacique) serena e receptiva, D. Maria com os artesanatos, a irmã do cacique e todos que nos acolheram de forma tão amigável!

A luta do povo Xukuru não é uma luta por apropriações capitalistas, mas, pela afirmação de sua cultura, de seus costumes, de sua forma diferenciada de viver.

Estamos completamente encantados com tudo que vimos, sentimos e ouvimos. A magia da Serra do Ororubá é capaz de sensiblizar até os mais desligados dos seres.


Postaremos as fotos o quanto antes.


No mais, de minha parte, vou continuar curtindo a sensação de estar ouvindo a Mãe Terra e o canto de seus legítimos filhos!!


Até!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

ÍNDIOS: O NOSSO (RE)CONHECIMENTO DA DIFERENÇA

Onde estão os índios?

Por Edson Hely Silva

A dúvida ou a resposta negativa a essa pergunta ainda é ouvida da imensa maioria da população, e até mesmo de pessoas mais esclarecidas. O pouco conhecimento generalizado sobre os povos indígenas, está associado basicamente à imagem do índio que é tradicionalmente veiculada pela mídia: um índio genérico, com um biótipo formado por características correspondentes aos indivíduos de povos habitantes na Região Amazônica e no Xingu, com cabelos lisos, pinturas corporais e abundantes adereços de penas, nus, moradores das florestas, de culturas exóticas, etc. Ou também imortalizados pela literatura romântica produzida no Século XIX, como nos livros de José de Alencar, onde são apresentados índios belos e ingênuos, ou valentes guerreiros e ameaçadores canibais, ou seja, “bárbaros, bons selvagens e heróis” (Silva, 1994).
Mas, essas visões sobre os índios vêm mudando nos últimos anos. E essa mudança ocorre em razão da visibilidade política conquistada pelos próprios índios. As mobilizações dos povos indígenas em torno das discussões e debates para a elaboração da Constituição em vigor aprovada em 1988 e as conquistas dos direitos indígenas fixados na Lei maior do país, possibilitou a garantia dos direitos (demarcação das terras, saúde e educação diferenciadas e específicas, etc.), e que a sociedade em geral (re)descobrisse os índios.
Além disso, a nossa sociedade, ainda como resultado da organização e mobilizações dos movimentos sociais, se descobre plural, repensa seu desenho: o Brasil não tem uma identidade nacional única! Somos um país de muitos rostos, expressões culturais, étnicas, religiosas... As minorias (maiorias), sejam mulheres, ciganos, pessoas negras, idosas, crianças, portadoras de necessidades especiais reivindicam o reconhecimento e o respeito de seus direitos! Um exemplo muito simples disso: é obrigatório em todos os prédios públicos rampas de acesso para pessoas deficientes. E antes não existia essa necessidade?! Sim, existia. Mas que hoje a sociedade reconhece esse direito.
Os índios então conquistam o (re)conhecimento do respeito a seus direitos específicos e diferenciados, a partir dessa ótica: um país, a sociedade que se repensa, se vê em sua multiplicidade, pluralidade e diversidades culturais, expressada também pelos povos indígenas em diferentes contextos sóciohistoricas.
Embora esse reconhecimento exija também nos posturas e medidas das autoridades governamentais em ouvir dos diferentes sujeitos sociais a necessidade de novas políticas públicas que reconheça, respeite e garanta essas diferenças. Como por exemplo, na Educação, a formulação de políticas educacionais inclusivas das histórias e expressões culturais no currículo escolar, nas práticas pedagógicas. Essa exigência deve ser atendida, com a contribuição de especialistas, a participação e envolvimentos plenos dos próprios sujeitos sociais na formação de futuros/as docentes, na formação continuada daqueles/as que atuam e fundamentalmente na produção de subsídios didáticos em todos os níveis. Seja nas universidades, nas secretarias estaduais e municipais.
Só a partir disso é que deixaremos de tratar as diferenças socioculturais como estranhas, exóticas e folclóricas. (Re)conhecendo em definitivo os índios como povos indígenas, em seus direitos de expressões próprias que podem contribuir decisivamente para a nossa sociedade, para todos nós.

DE QUE FORMA SUA ESCOLA COMEMORA O DIA DO ÍNDIO?


Atentas e sensíveis ao texto da Lei 11.465/08, professoras da Escola Municipal John Kennedy realizam uma aula-passeio até o município de Pesqueira para conhecer a cultura Xukuru do Ororubá. Além desta etnia, em particular, os alunos da 2ª, 3ª e 4ª séries estão aprendendo um pouco sobre as outras etnias pernambucanas, dos outros estados do nordeste, bem como, das outras regiões do Brasil.

Nessas turmas não houve cocar de papel colorido, nem roupinha de índio americano, mas, leitura de reportagens sobre os problemas atuais enfrentados pelos índios, elaboração de painel com imagens de algumas etnias brasileiras, leitura e entoação de músicas que retratam o índio de forma realista, como as que apresentamos neste blog.



Até amanhã, com as imagens e notícias tupinikins!!

Curumim Chama Cunhatã Que Eu Vou Contar


(Todo Dia Era Dia De Índio)
Jorge Ben Jor
Composição: Tim Maia e Jorge Ben Jor



Jês, Kariris, Karajás, Tukanos, Caraíbas,Makus, Nambikwaras, Tupis, Bororós,Guaranis, Kaiowa, Ñandeva, YemiKruiaYanomá, Waurá, Kamayurá, Iawalapiti, Suyá,Txikão, Txu-Karramãe, Xokren, Xikrin, Krahô,Ramkokamenkrá, Suyá.


Hey! Hey! Hey!

Hey! Hey! Hey!



Curumim chama cunhatã que eu vou contar
Cunhatã chama curumim que eu vou contar

Curumim, cunhatã
Cunhatã, curumim


Antes que os homens aqui pisassem
Nas ricas e férteis terraes brazilis
Que eram povoadas e amadas por milhões de índios
Reais donos felizes
Da terra do pau-brasil


Pois todo dia, toda hora, era dia de índio
Pois todo dia, toda hora, era dia de índio
Mas agora eles só têm um dia
O dia dezenove de abril
Mas agora eles só têm um dia
O dia dezenove de abril

Amantes da pureza e da natureza
Eles são de verdade incapazes
De maltratarem as femeas
Ou de poluir o rio, o céu e o mar
Protegendo o equilíbrio ecológico
Da terra, fauna e flora
Pois na sua história, o índio
É o exemplo mais puro
Mais perfeito, mais belo
Junto da harmonia da fraternidade
E da alegria,


Da alegria de viver
Da alegria de amar
Mas no entanto agora
O seu canto de guerra
É um choro de uma raça inocente
Que já foi muito contente
Pois antigamente


Todo dia, toda hora, era dia de índio
Todo dia, toda hora, era dia de índio


Hey! Hey! Hey!


Todo dia, toda hora, era dia de índio
Todo dia, toda hora, era dia de índio


Hey! Hey! Hey!

Curumim, cunhatã


Hey! Hey! Hey!


Cunhatã, curumim


Hey! Hey! Hey!


Curumim, cunhatã


Hey! Hey! Hey!


Cunhatã, curumim

CORAGEM BRAVOS GUERREIROS!

Professor, apresente aos seus alunos a imagem das diversas etnias indígenas presentes em nosso país, para que seu aluno tenha oportunidade de perceber as diferenças entre cada uma delas, bem como, da caracterização feita muitas vezes no Jardim da Infância de índios americanos!
Aproveite a data para refletir junto com seus alunos acerca de todos os problemas até hoje enfrentados pelo povo indígena, que é GENTE COMO A GENTE ( Ainda há os que pensam que os índios são seres mitológicos, de outro planeta...)






























quinta-feira, 16 de abril de 2009

AFINAL, O DIA DO ÍNDIO SERVE PARA ALGUMA COISA?


Infelizmente, as etnias brasileiras ainda não podem comemorar o dia 19 de abril de forma plena, uma vez que, em todo o país, a maioria dos índios enfrenta diversos problemas com as leis brasileiras que ainda não se libertaram da idéia de que o índio é "incapaz", sendo portanto, tutela do estado. Em todo território brasileiro há conflitos especialmente no que concerne a demarcação das terras indígenas, e quando o estado acena positivamente para os índios, o faz com diversas ressalvas, como é o caso da TI Raposa Serra do Sol, recentemente.

Aqui em Pernambuco, das 11 etnias existentes, as 11 tem sérios problemas com fazendeiros, políticos inescrupulosos, posseiros, grileiros e toda série de dificuldades.

Muitas vidas já foram ceifadas, covardemente, tal qual ocorria no início do século XVI. O sangue de muitos guerreiros foi derramado na luta pelo reconhecimento de sua cultura, de seus direitos, por parte da chamada sociedade "civilizada", que de forma estúpida e arrogante mantém discurso semelhante ao dos loucos nazistas. Já perdemos Xicão Xukuru, e tantos outros que "ousaram" desafiar os capitalistas.

Como educadora, acredito que esta data precisa ser recebida de forma mais consciente pelos profissionais da educação, aproveitando a data para tratar dos esteriótipos, do preconceito, da discriminação, das disputas por terras, da falta de políticas sérias para cuidar da saúde dos povos indígenas, da educação. Enfim, é imprescindível que nossos alunos conheçam a verdadeira história dos nossos índios, sob o ponto de vista dos índios e não dos colonizadores.

É assustador a falta de conhecimento da população quanto a assuntos indígenas. A ignorância chega a comentários extremos.

Durante nossas atividades para apresentar a diversidade cultural dos povos indígenas, os alunos repetiram frases que são ditas quase que diariamente por seus pais, que ouviram de seus avós e até hoje disseminam informações equivocadas, regadas de discriminação.

Ao comunicar na sala que iríamos visitar uma aldeia indígena, o aluno ao pedir autorização dos pais ouviu um não, com a justificativa de que era muito perigoso esse lugar cheio de índios(!!)

Com toda certeza, esses pais de alunos não são os únicos desinformados da sociedade gravataense acerca de nossos indígenas.

De uma coisa temos certeza: esta experiência impactará nossas vidas, e acreditamos que a partir deste trabalho multiplicaremos o respeito e o reconhecimento que temos pela contribuição ímpar dos nossos índios na formação deste imenso país.




A editora.

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